O toque humano na virtude divina
Todo o episódio dá conta de que havia uma virtude latente em Jesus, que vazaria Dele com um toque de fé. O que podemos aprender com esse fato e com essa mulher?
1. O toque humano na virtude divina pode nascer de uma grande necessidade.
Essa mulher fora movida em direção a Jesus em razão de uma grande necessidade. Qual era sua grande necessidade? Um sofrimento prolongado por anos (menstruação crônica), para o qual a medicina não tinha solução.
Ela sofria a 12 anos de uma menstruação crônica, gastando todo seu dinheiro com os médicos, sem que nada adiantasse (Mc 5:26; Lc 8:43). Por conta dessa enfermidade era discriminada pela religião e consequentemente pela sociedade que a consideravam impura, por isso não podia tocar nem ser tocada por ninguém. Se era casada não podia fazer sexo, se era solteira não podia se casar, nem frequentar os ambientes religiosos. É assim que acontece irmãos, quando as possibilidades humanas se esgotam bate o desespero. O desespero e a grande necessidade nos fazem buscar as possibilidades divinas. Via de regra, as decisões mais radicais do nosso coração com relação a Deus, acontecem quando tudo foge ao nosso alcance. Enquanto essa impotência radical não nos atinge continuamos acomodados na fé. A fé cresce dentro de nós nas dores, no sofrimento, nas angústias, muito mais do que quando tudo vai bem.
2. O toque humano na virtude divina, se dá quando discernimos a pessoa de Jesus.
Tendo ouvido falar de Jesus, nasceu uma grande esperança no seu coração (Mc 5:27). O que provavelmente essa mulher ouviu falar de Jesus? Que ele não discriminava ninguém. Que ele era incontaminável, por isso tocava leprosos e permitia que uma prostituta lhe beijasse os pés. Que ele realizava curas, sinais e prodígios. Dava vista aos cegos, purificava leprosos, libertava cativos, levantava coxos e ressuscitava mortos. Queridos, não tivemos como essa mulher o privilégio de sermos contemporâneos de Jesus, todavia temos nos evangelhos os registros dos milagres, das curas, e das libertações que recebiam aqueles que cruzavam o caminho de Jesus, manifestando essa fé intencional. Jesus está vivo e ressurreto fazendo as mesmas obras, porque ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente.
3. O toque humano na virtude divina passa por uma declaração de fé.
Essa mulher engravidou em seu espírito uma visão daquilo que gostaria que acontecesse. Nessa visão o melhor aconteceria (Mt 9:21). Esse “dizer consigo mesma” é uma “auto ministração”. Esse é um princípio de fé importante. Assim como ficar cogitando a impossibilidade em razão da dúvida, da incredulidade, do racionalismo, do medo, pode esvaziar a fé, a declaração de fé, o pensar no melhor, nas possibilidades em Deus, nas promessas de Deus, é uma forma eficaz de alimentar e fazer crescer a fé.
4. O toque humano na virtude divina, por vezes acontece depois de obstáculos vencidos.
No caso dessa mulher, ela precisou vencer a resignação própria de quem amarga um sofrimento prolongado, bem como o desânimo, a discriminação por parte da religião e a multidão que cercava Jesus. (Mc 5:27; Lc 8:44). Queridos, as vezes interpretamos alguns obstáculos como sinais de que a porta está fechada para nós, nos esquecendo que, sempre que a gente sai em direção a algo de Deus para nós, vamos encontrar alguma resistência de ordem espiritual, em forma de um desânimo inexplicável e contratempos estranhos. E assim, quando mais precisamos de intercessão, de estar num ambiente de fé, de nos expor à Palavra de Deus, não sentimos vontade, disposição e interesse em congregar, em participar de uma célula, de uma vigília, de um curso de edificação, de um discipulado ou de ter um momento devocional.
Por isso, todo obstáculo de ordem emocional ou espiritual precisa ser vencido se queremos tocar Jesus. Essa é a parte humana do processo, que busca de forma determinada e intencional a sua cura.
5. O toque humano na virtude divina é mais do que um esbarrar.
Jesus reconhecendo que Dele saíra virtude, quis conhecer quem o tocara. Mas os discípulos disseram todos esbarram e ti (Mc 5:30-32; Lc 8:44-46). Mas Jesus estava se referindo a um toque especial. É diferente o contato de uma multidão curiosa ou displicente que esbarra em Jesus, e a pessoa que o toca intencionalmente com fé. Assim como há uma diferença entre estar no ambiente em que Jesus está, e o tocar Nele.
Esse não foi um toque acidental, foi um toque intencional e confiante, por isso eficaz, porque de Jesus saiu virtude, e a cura aconteceu. Embora saibamos que Deus está presente em nosso meio, nem sempre estamos conscientes dessa presença e consequentemente interagindo com Ele.
Nosso toque precisa ser intencional, com expectativas no coração, como foi o toque dessa mulher. Não um “eu vou lá para ver no que vai dar”.