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Como e quando o diabo nos tenta?

1. O diabo nos tenta, especialmente em ocasiões de vulnerabilidade.


Jesus está 40 dias e noites sem comer, no deserto de Jericó, lugar ermo, desolado, solitário, sem possibilidade alguma de se alimentar, e sujeito a ser tentado por todas as coisas, à nossa semelhança. E de fato, sendo tentado pelo diabo por 40 dias. Em ocasiões de vulnerabilidade, ficamos com nossas defesas éticas baixas, perdemos nossa estabilidade emocional, somos afetados em nossa condição mental, por isso, o inimigo se aproveita para nos tentar exatamente em áreas e ocasiões de vulnerabilidade. Por exemplo, vivendo em extrema necessidade e privação, podemos ser tentados na área de honestidade. Em situação de extrema carência emocional, podemos ser tentados na área moral. Em situação de profunda adversidade podemos ser tentados a negar a fé. Mergulhados em profunda depressão somos tentados a dar cabo da própria vida.

Por isso, especialmente em ocasiões de vulnerabilidade, precisamos intensificar a vigilância, a oração, e a resistência ao inimigo.


2. O diabo nos tenta para nos fazer duvidar da nossa identidade como filhos de Deus. (V.2-3)


O desafio feito pelo diabo a Jesus de transformar pedras em pães, tinha como gancho a fome de Jesus, e como propósito provar sua filiação. O tempo todo Jesus tinha que ficar provando sua divindade, sua filiação, consequentemente sua messianidade. Quanta vez, o inimigo, se aproveitando de ocasiões de vulnerabilidade, também tenta promover em nós uma verdadeira crise de identidade, colocando em dúvida nossa filiação espiritual em Jesus, a paternidade de Deus, a nossa nova natureza, nosso valor intrínseco diante de Deus, para esvaziar nossa fé e gerar em nós uma crise existencial. E quando estamos vulneráveis, ficamos mais susceptíveis a falsas crenças e a sentimentos enganosos. Mais uma vez quero reforçar, cuidado com os sentimentos, eles são como areia movediça, a base de toda nossa caminhada precisa ser a fé. Eu não preciso sentir a presença de Deus para saber que ele está aqui, eu creio porque sua palavra afirma isso. Eu não preciso sentir que Deus me ama, para me saber amado por ele, eu creio e me aproprio. Assim, pela fé eu me vejo como filho e o concebo como Pai, porque assim afirmam as escrituras. Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.


3. O diabo nos tenta através da manipulação com o propósito de subverter os valores do evangelho. Para Jesus a dimensão espiritual deveria subordinar a dimensão material. (V. 2-4)


Qual era o problema de Jesus transformar pedras e pães naquela hora? Primeiro, porque quem está fazendo a sugestão é o diabo. Segundo que se Jesus faz aquele milagre, não estaria fazendo com o respaldo de Deus. Terceiro, que Jesus estava em jejum por questões espirituais, e aceitando a sugestão do diabo, estaria colocando os valores materiais acima dos valores espirituais. Por isso, pela própria resposta de Jesus: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus (V4), a gente percebe que o que está são necessidades primárias colocadas acima das necessidades espirituais. Quarto, Jesus não precisava provar sua filiação a ninguém, porque ela já estava provada desde os salmos e profetas e agora no seu batismo, mesmo porque o diabo sabia que ele era o filho de Deus.

A questão não está na satisfação das necessidades primárias que garantem nossa sobrevivência, mas no fato de que, em última análise, o tentador está desafiando Jesus a lançar mão do pão sem Deus, ou do pão com Deus à parte. Queridos, quanta vez, somos tentados a justificar a quebra de princípios e as concessões éticas, para satisfazer necessidades básicas e primárias, como se os fins justificassem os meios.


4. O diabo nos tenta, propondo que tentemos a Deus com atitudes que não cumprem propósito algum. (V. 5-7)


O diabo estava sugerindo a Jesus que fizesse um espetáculo, provando assim a veracidade da Palavra de Deus, saltando do pináculo do templo para ser amparado pelos anjos, conforme o Sl 91. Jesus interpretou a sugestão como uma forma de tentar Deus, porque não havia propósito naquele feito (v7). O exemplo clássico de se tentar a Deus, é registrado no livro de Nm 14, quando o povo que viu a glória e os prodígios feitos por Deus no deserto, e mesmo assim por dez vezes pediu prova da fidelidade de Deus, em forma de provisão, do jeito deles e no tempo deles. Eu aprendo aqui, que não preciso me expor desnecessariamente para provar a mim e aos outros que Palavra de Deus é veraz, e que Deus é fiel à sua Palavra. Por exemplo, Eu não preciso sair por aí contraindo dívidas irresponsavelmente para provar que Deus é Jeová Giré, o Deus provedor. Eu não preciso me descuidar da saúde desnecessariamente para provar que Deus é Jeová-Rafa, o Deus que cura. Eu não preciso me expor desnecessariamente ao perigo para provar que Deus tem poder de me livrar. Eu não preciso andar a 200 km por hora para provar que os anjos do Senhor acampam ao meu redor. E cá entre nós, normalmente Deus não fica mandando anjos para acudir suicidas, e gente que descumpre a lei do trânsito.


5. O diabo nos tenta, nos propondo atalhos, facilidades, em troca de adoração. (V. 8-9)


Com essa proposta o tentador está dizendo: Porque você não corta o caminho? porque você não queima as etapas para chegar mais rápido? Porque você não me adora para receber todos os reinos deste mundo com todas as suas glórias. Você pode ser o rei dos reis, já, sem passar por esse caminho tão estreito, sem passar pela cruz, sem passar pela morte, e sem esperar os fins dos tempos para realizar isso tudo. Porque você não acelera esse processo, basta me adorar, e eu te o dou o que me foi dado?

Queridos, nós também sofremos esse tipo de tentação, de queimar etapas em nossa vida, de pegar atalhos, de sermos imediatistas, de queremos as coisas do nosso jeito e no nosso tempo. Mas, em nossa vida é bom que as coisas aconteçam do jeito de Deus e no tempo de Deus, porque sempre que tentamos atalhar o processo de crescimento de Deus em nossa vida, preparando-nos para cometimentos e propósitos maiores, preferindo o caminho largo das facilidades, das conveniências, onde os fins justificam os meios, acabamos nos frustrando assumindo compromissos para o qual não estávamos preparados.


Conclusão

O fato de Jesus para cada proposta tentadora do diabo, Jesus ter uma citação da Palavra de Deus para jogar contra ele como “espada do Espírito”. Inclusive discernindo a “distorção” que o diabo fez do texto bíblico, indica familiaridade as escrituras. Infelizmente, hoje estamos vivendo um tempo de desinteresse pela Palavra, vivemos um analfabetismo bíblico, quando muitas coisas estão hoje substituindo a palavra na fé cristã. O resultado é que crentes ignorantes da Palavra, acabam sendo presas fáceis do diabo. Quanto mais familiaridade e experiência com a internalização e prática da Palavra temos, mais alicerce, fundamento, convicção, temos para sustentar nossa fé. E isso nos ajuda a vencer os enganos, as mentiras, as seduções próprias do diabo.

É interessante observar que tudo o que o diabo ofereceu a Jesus de forma ilegítima, contanto que ele deixasse Deus de lado, Deus deu a Jesus de forma legítima, quando os anjos vieram e mataram sua fome (v11). Agora é pão com Deus. Porque pão só vale a pena se for com Deus. Depois, Jesus morre na cruz, ressuscita e diz: todo poder me foi dado no céu e na terra. Agora é reino com Deus. Porque reino só vale a pena se for com Deus.

Tudo o que o diabo propõe a você, contanto que você deixe Deus de lado. Falo de facilidades, falo de atalhos, falo de concessões éticas, falo de negociação de princípios, falo de não fazer caso à luz da consciência em Deus, Deus pode dar a você de forma legítima, do jeito dele, e no tempo dele.

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